[Parafraseando]: Nelson Rodrigues: “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura..."


[Parafraseando]: Nelson Rodrigues: “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura..."

“Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico (desde menino).” Nelson Rodrigues.

Nelson Falcão Rodrigues nasceu (23/08/1912) em Recife e morreu (21/12/1980) no Rio de Janeiro, com 68 anos – tão cedo =/ . Foi jornalista e escritor brasileiro, considerado o mais influente dramaturgo do Brasil.
Mudou-se para o Rio de Janeiro (em 1916), e quando maior trabalhou no jornal A Manhã, de propriedade de seu pai. Foi repórter policial durante alguns anos, e dessa profissão obteve vasta experiência para escrever suas peças sobre a sociedade. Sua primeira peça foi A Mulher sem Pecado, peça que lhe deu os primeiros sinais de prestígio dentro do cenário teatral, mas o sucesso veio a aparecer com a peça Vestido de Noiva. Apesar de suas peças serem tachadas, muitas vezes, como obscenas e imorais – o que não é de todo mentira – ele é um grande representando da literatura teatral de seu tempo.
Escreveu crônicas esportivas, e deixou que nelas transparecesse toda a sua paixão por futebol.




Sua personalidade e vida:

Durante sua infância era retraído, e por isso, um leitor compulsivo de livros românticos do século XIX – quem lê não diz. Nessa mesma época conheceu o futebol, uma grande paixão que ele não fazia questão de esconder, uma paixão que conservou por toda vida e que marcaria o seu estilo literário.
Foi no jornal do pai, ainda na sua adolescência, que ele começou sua carreira jornalística, na seção de polícia. Os relatos de crimes passionais e pactos de morte entre casais apaixonados incendiavam a imaginação do adolescente romântico, que utilizaria muitas das histórias reais que cobria em suas crônicas futuras.
Como cronista esportivo, Nelson escreveu textos antológicos sobre o Fluminense, clube para o qual torcia fervorosamente – homem de bom gosto HAHA. Nelson foi fundamental para que os Fla-Flu tivessem conquistado o prestígio que conquistaram e se tornassem grandes clássicos do futebol brasileiro. Ele criou e evocava personagens fictícios como Gravatinha e Sobrenatural de Almeida para elaborar textos a respeito dos acontecimentos esportivos relacionados ao clube do coração.
Nelson passou a integrar a redação do novo jornal de seu pai, continuou a escrever na página de polícia. Crítica – o novo jornal - era um sucesso de vendas, misturando uma cobertura política apaixonada com o relato sensacionalista de crimes.
[Parafraseando]: Nelson Rodrigues: “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura..."Em 26 de dezembro de 1929, a primeira página de Crítica trouxe o relato da separação do casal Sylvia Serafim e João Thibau Jr. Ilustrada por Roberto – irmão de Nelson - e assinada pelo repórter Orestes Barbosa, a matéria provocou uma tragédia. Sylvia, a esposa que se separara do marido e cujo nome fora exposto na reportagem invadiu a redação de Crítica e atirou em Roberto com uma arma comprada naquele dia. Nelson testemunhou o crime e a agonia do irmão, que morreu dias depois. Sylvia foi absolvida do crime. Seu pai morreu meses depois, deprimido pela perda do filho,
Alguns anos depois Nelson passou a trabalhar no jornal O Globo, sem salário. Foi efetivado apenas em 1932 como repórter no jornal. Pouco tempo depois descobriu que sofria de tuberculose, saiu do Rio de Janeiro para se tratar e passou longas temporadas em um sanatório na cidade de Campos do Jordão. Seu tratamento foi custeado por Marinho, que conquistou a gratidão dele pelo resto da vida. Quando recuperado voltou para o Rio de Janeiro e assumiu a seção cultural de O Globo fazendo crítica de ópera.
Foi também editor do suplemento O Globo Juvenil, além de editar ele também roteirizou algumas histórias em quadrinhos, dentre elas uma versão de O Fantasma de Canterville de Oscar Wilde.
Casou-se com Elza Bretanha em 1940, ela era sua colega de redação.
Ele dividiu-se ente emprego e a elaboração de peças teatrais. Em 1941 escreveu A Mulher sem Pecado, que estreou sem sucesso, algum tempo depois assinou a revolucionário Vestido de Noiva, que foi dirigida por Zbigniew Ziembiński  - como se pronuncia isso? Alguém me diz, por favor. O.O – que estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com grandioso sucesso. Vestido de noiva é considerada até hoje como o marco inicial do moderno teatro brasileiro.
Depois, abandonou O Globo e passou a trabalhar nos Diários Associados. Em O Jornal, começou a escrever seu primeiro folhetim, Meu destino é amar, assinado pelo pseudônimo de Susana Flag. O sucesso do folhetim alavancou as vendas de O Jornal e estimulou Nelson a escrever sua terceira peça, Álbum de família. Essa peça foi submetida à Censura Federal e proibida (em 1946), e só foi liberada em 1965. Ele estreou Anjo Negro, e após, lançou Doroteia.
Depois passou a trabalhar no jornal de Samuel Wainer, a Última Hora. No jornal, Nelson começou a escrever as crônicas de A vida como ela é, seu maior sucesso jornalístico. Na década seguinte, Nelson passou a trabalhar na recém-fundada TV Globo, participando da bancada da Grande Resenha Esportiva Facit, a primeira "mesa-redonda" sobre futebol da televisão brasileira e, depois passou a publicar suas Memórias no mesmo jornal Correio da Manhã onde seu pai trabalhou cinquenta anos antes.
Nos anos 70, consagrado como jornalista e teatrólogo, sua saúde começou a decair por conta de problemas gastroenteorológicos e cardíacos de que era portador. O período coincide com os anos da ditadura militar, que ele sempre apoiou. Entretanto, seu filho tornou-se guerrilheiro e passou para a clandestinidade. Nesse período também aconteceu o fim de seu casamento com Elza e o início do relacionamento com Lúcia Cruz Lima, com quem teve uma filha que nasceu com problemas mentais. Depois do término do relacionamento com Lúcia, Nelson ainda manteve um rápido casamento com sua secretária Helena Maria, antes de reatar seu casamento com Elza.
Nelson faleceu numa manhã de domingo de complicações cardíacas e respiratórias. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo. No fim da tarde daquele mesmo dia ele faria treze pontos na Loteria Esportiva, num "bolão" com seu irmão Augusto e alguns amigos de "O Globo". Dois meses depois, Elza atendia ao pedido do marido — de, ainda em vida, gravar o seu nome ao lado do dele na lápide de seu túmulo, sob a inscrição: "Unidos para além da vida e da morte.”


Suas obras:

O teatro entrou na vida de Nelson Rodrigues por acaso. Uma vez que se encontrava em dificuldades financeiras, achou no teatro uma possibilidade de sair da situação difícil em que estava. Assim, escreveu "A mulher sem pecado…", sua primeira peça. Segundo algumas fontes, Nelson tinha o romance como gênero literário predileto, e suas peças seguiram essa predileção, pois as mesmas são como romances em forma de texto teatral. Nelson é um originalíssimo realista. Não é à toa que foi considerado um novo Eça. De fato, a prosa de Nelson era realista e, tal como os realistas do século XIX, ele criticou a sociedade e suas instituições, sobretudo o casamento.
Sendo esteticamente realista em pleno Modernismo, Nelson não deixou de inovar tal como fizeram os modernos. O autor transpôs a tragédia grega para o sociedade carioca do início do século XX, e dessa transposição surgiu a "tragédia carioca", com as mesmas regras daquela, mas com um tom contemporâneo. O erotismo está muito presente na obra de Nelson Rodrigues, o que lhe garante o título de realista. Nelson não hesitou em denunciar a sordidez da sociedade tal como o fez Eça de Queirós em suas obras. Esse erotismo realista de Nelson teve sua gênese em obras do século XIX, como "O Primo Basílio", e se desenvolveu grandemente na obra do autor pernambucano. Em síntese, Nelson foi um grande escritor, dramaturgo e cronista, e está imortalizado na literatura brasileira.
Nelson Rodrigues escreveu dezessete peças teatrais. Sua edição completa abrange quatro volumes, divididos segundo critérios do crítico Sábato Magaldi, que agrupou as obras de acordo com suas características, dividindo-as em três grupos: Peças psicológicas, Peças míticas e Tragédias cariocas.


Algumas frases:


"Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.”

“A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: – o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.”

“A pior forma de solidão é a companhia de um paulista.”

“A televisão matou a janela.”

“Amar é ser fiel a quem nos trai.”

“Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos.”

“Desconfie da esposa amável, da esposa cordial, gentil. A virtude é triste, azeda e neurastênica.”

“Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.”

“É preciso ir ao fundo do ser humano. Ele tem uma face linda e outra hedionda. O ser humano só se salvará se, ao passar a mão no rosto, reconhecer a própria hediondez.”

“O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro.”

“O amigo é um momento de eternidade.”

“O casamento não é culpado de nada. Nós é que somos culpados de tudo.”

“Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.”

“Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.”

“Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.”

“Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.”

“Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: – a nossa.”

2 comentários:

  1. Posso falar? Ou melhor DIGITAR? eu nun curto muito a literatura desse cara apesar de ser muito boma e rever críticas excelentes. Mas a minha mãe pelo contario lê muito! HEHE adorei o post!

    jovenclube(.blogspot.com.br)

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  2. Vengo del blog de cantinhodameninacrista (Esther Aguiar) y me ha encantado tu Rincón; por lo cual, si no te importa, me gustaría ser Seguidor de tan bello Espacio, lleno de Magia, Sentimientos y Sensaciones.
    Un abrazo.

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