Lembra?

     De: Sua antiga amiga

     Para: O motivo de minha enorme dor

  Eu nunca pensei que você mentiria pra mim, pensei que podia confiar em você para me dizer sempre a verdade; percebi que eu estava enganada.

Lembra que você me disse que saudade não mata? Tenho percebido a duras penas que você me enganou, pois saudade mata – e está me matando – e se não mata, pelo menos, tem o prazer de levar para o hospital.

Mas tenho a leve impressão (minhas leves pesam o que pesa um elefante) de que isso não seja saudade, mas sim nostalgia, você sabe o que é nostalgia, certo? Se não sabe procura no Wikipédia e vai saber, mas se essa preguiça ainda te perseguir, procura um dicionário, recomendo o Aurélio, mas tenho certeza de que irás atrás do Junior.

Lembra de nossa 7ª série? As professoras de Português e História viviam pegando dicionários na biblioteca para dar suas aulas, todos pegavam um dicionário qualquer, mas você sempre escolhia o Junior. E nossos colegas sempre te irritando, o Rodrigo sempre dizia “Você gosta do Junior, né?”, o Guilherme dizia “Quando forem casar eu quero ser a madrinha, ta?”. E o Vitor, lembra? O palhaço da turma, nunca perdia a piada, e te irritava com essa simples frase “Junior, Junior, larga ele, pois ele é meu marido, melhor não mexer comigo se quiser continuar vivo, pois eu pareço uma flor, mas precisando eu viro uma fera”. Ah, que vontade de voltar no tempo.

Lembra daquele colar que você me deu na véspera de sua partida? Ah, como o céu estava estrelada naquele dia (já estou divagando) bem, ele está guardado naquela caixinha, aquela caixinha preta que você me perguntou para que servia; ela serve pra guardar o que considero importante, se pudesse guardava meu coração nela, mas creio que seja impossível.

E lembra daquelas pedras enormes que você teimava em chamar de EVEREST? As PEDRAS que “escalamos” certo dia? Estão mais belas agora, e aquela pequena árvore que você achava linda, ficou enorme, e está cheia de flores amarelas, você precisa ver. É certo que ela não me traz mais tanta alegria, mas esta bela.

Se eu fosse inteligente o bastante criaria uma máquina do tempo, mas você sabe que sou péssima em exatas, e agora sem você pra me ajudar em matemática, minhas notas despencaram do oito para o seis rapidinho, resumindo, ou eu perco a unidade ou passo arrastada pelo espaço que existe entre a porta e o chão. Ah, como queria que o tempo voltasse.

Queria você de volta... Paro por aqui, pois não suporto mais o peso do lápis e tenho medo que as lágrimas molhem o papel...

                                                                   Com grande saudade

 Amanda Carvalho♥

Suas Palavras: Edição Sentimentos

Tema: Nostalgia